Leishmaniose: Desafios no Controle das Zoonoses e Diagnóstico em Animais

A leishmaniose visceral, uma doença parasitária grave, está se tornando uma preocupação crescente para a saúde pública, afetando tanto seres humanos quanto animais de estimação. No Brasil, estima-se que cerca de 2 mil pessoas sejam afetadas anualmente, com o país representando 97% dos casos da América Latina e 14% dos casos globais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Desafios no Controle e Diagnóstico

A Dra. Aline Ambrogi, médica-veterinária e docente no Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), destaca que a leishmaniose é uma zoonose causada pelo protozoário Leishmania. Ela pode se manifestar de três formas principais: cutânea, mucocutânea e visceral. No Brasil, a leishmaniose visceral é transmitida por flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquito-palha ou tatuquira, sendo a fêmea do inseto responsável pela transmissão.

Embora os cães sejam o principal reservatório do mosquito, eles não transmitem a doença diretamente para os humanos. O ciclo de transmissão ocorre quando o mosquito pica um animal infectado e depois um ser humano.

Um dos principais desafios no controle da leishmaniose é a dificuldade no diagnóstico dos animais. A estimativa é que para cada caso humano de leishmaniose, existam cerca de 500 animais infectados. No entanto, muitos casos em cães não apresentam sintomas evidentes ou podem resultar em falsos negativos nos exames. Os sinais clínicos comuns incluem perda de peso, lesões na pele, unhas grandes, e problemas oftálmicos e renais.

Tratamento e Prevenção

Apesar dos avanços no diagnóstico, a leishmaniose ainda não tem cura definitiva. O tratamento envolve o uso de medicamentos específicos e a gestão dos sintomas, que pode ser prolongada e cara. Devido ao custo e à complexidade do tratamento, muitos animais com leishmaniose acabam sendo eutanasiados ou abandonados. Dados da OMS indicam que cerca de 30 milhões de animais são abandonados nas ruas brasileiras, incluindo 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.

Para combater a propagação da leishmaniose, a Dra. Ambrogi enfatiza a importância de medidas preventivas, semelhantes às adotadas para o controle de dengue e chikungunya. Manter ambientes limpos, evitar água parada e utilizar coleiras e repelentes específicos são práticas recomendadas. A conscientização da população e políticas públicas eficazes são cruciais para o controle das zoonoses e para evitar o abandono de animais infectados.

“Abandonar um animal positivo para leishmaniose é uma irresponsabilidade social. É fundamental que todos se empenhem na prevenção e no cuidado adequado dos animais para impedir o avanço da doença,” conclui a Dra. Aline.

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